O estopim foi a interferência política na Polícia Federal com a exoneração do diretor geral, Maurício Valeixo
O ex-juiz Sergio Moro pediu demissão do Ministério da Justiça e Segurança Pública na manhã dessa sexta-feira, 24 de abril. O ministro comunicou sua saída em entrevista coletiva realizada em Brasília às 11h de hoje.
A saída de Moro foi impulsionada pela exoneração do diretor geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, indicação de Moro para o cargo.
Moro iniciou sua fala na coletiva falando da entrada de Valeixo na cúpula da PF, substituindo então Rosalvo Ferreira Franco, que se aposentou.
Segundo Moro, Valeixo foi fundamental no desenrolar da Lava Jato e que foi graças à sua ação que, na ocasião da decisão do desembargador Rogério Favreto de mandar a PF soltar o ex-presidente Lula, em julho de 2018, a ordem ilegal não foi cumprida.
Depois, Moro listou as conquistas de seu ministério durante sua gestão, como o fortalecimento da PF e da Força Nacional, sobre a saída do Coaf do Ministério da Justiça, entre outras operações.
Um dos pontos principais da entrevista foi de quando o presidente Jair Bolsonaro fez o convite para que ele assumisse o Ministério da Justiça. De acordo com Moro, o presidente lhe daria carta branca para a escolha dos nomes para cargos técnicos e a condução das investigações. A única garantia que Moro pediu foi uma pensão para a família, já que ele estaria abandonando uma carreira de 22 anos na magistratura.
Moro relatou que desde o ano passado, o presidente vinha fazendo pressão para trocar os quadros das superintedências da PF, a começar pela do Rio de Janeiro. E que ele teria tentado postergar ao máximo questionando o motivo das trocas. Para o ministro, não haveria problema em substituir funcionários, desde que houvesse um motivo.
No caso de Valeixo, Moro destaca que não havia nenhum motivo. Que o desempenho do delegado sempre foi bom em todas as operações. “Não é uma questão de nome. Há outros delegados muito competentes, mas a troca violaria o compromisso da carta branca, seria interferência política na polícia federal, um abalo na credibilidade. Não é quem entra, mas por que entra”, explicou.
De acordo com Moro, diante da insistência do presidente em substituir Valeixo, ele argumentou sobre o impacto negativo que a decisão causaria, e que ele pelo menos o substituísse por alguém que sinalizasse continuidade. Mas ele queria alguém do contato pessoal dele, que pudesse ligar para obter relatórios sobre as investigações, e esse não é o papel do diretor geral.
Moro enfatizou que o autonomia da Polícia Federal é um valor fundamental que deve ser preservado dentro do estado democrático de direito. “Eu não tinha como aceitar essa substituição. Não me senti confortável. Tenho que preservar minha biografia. O pressuposto necessário é garantir a lei e a autonomia da polícia federal contra interferências políticas. Meu futuro agora é encaminhar minha carta de demissão”, disse o agora ex-ministro.
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