A quarentena para juízes, membros do Ministério Público e policiais federais, estaduais e municipais a partir de 2026 era um dos pontos mais polêmicos da proposta
O Plenário da Câmara rejeitou a quarentena de cinco anos longe do cargo para policiais, juízes e promotores que quisessem se candidatar, uma das medidas previstas no projeto (Projeto de Lei Complementar 112/21) que institui o novo Código Eleitoral do país.
O código consolida toda a legislação eleitoral e resoluções do Tribunal Superior Eleitoral em um único texto, com mais de 900 artigos, apresentado pela relatora, deputada Margarete Coelho (PP-PI).
O Plenário começou a votar a proposta, alterou alguns pontos do texto, mas deputados e deputadas ainda precisam analisar 13 destaques que podem provocar novas alterações no projeto.
A quarentena para juízes, membros do Ministério Público e policiais federais, estaduais e municipais a partir de 2026 era um dos pontos mais polêmicos da proposta, e foi suprimida do texto em votações apertadas de destaques apresentados pelo PSL, com apoio de deputados oriundos das Forças Armadas e das polícias.
Para o deputado Capitão Wagner (Pros-CE), a quarentena dava tratamento diferenciado a determinadas categorias e significava perda de direitos.
“Nós entendemos que isso é tolher o direito do cidadão de se candidatar. Muito embora alguns digam que na verdade não está sendo tolhido o direito à candidatura e sim colocada uma exigência de uma quarentena, esta mesma exigência não é feita, por exemplo, a um médico, que é servidor público, que atende diariamente num posto de saúde. Essa mesma exigência não é feita a um professor, prestando um serviço também e sendo formador de opinião podendo se beneficiar dessa atividade”.
A retirada do trecho acabou recebendo o apoio da maioria do Plenário, depois que foi retirado o trecho relativo aos juízes e promotores, por uma diferença de apenas três votos. Para o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), seria incoerente manter a quarentena só para policiais.
“A decisão do Plenário foi não introduzir a regra da quarentena para aquelas carreiras. Me parece que seria incongruente, incoerente que nós impuséssemos essa quarentena apenas para os policiais militares, civis, federais e rodoviários federais”.
O Plenário fez outras alterações na proposta. Um destaque do deputado Alessandro Molon (PSB-RJ) permite que votos em candidatos indígenas também sejam contados em dobro para efeitos de distribuição do fundo partidário. O texto da relatora previa este estímulo apenas para candidaturas de mulheres e negros.
Outro destaque aprovado suprimiu do projeto a possibilidade de abertura de uma janela para trocas partidárias a cada dois anos, todo mês de março dos anos eleitorais. Para o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), a medida enfraqueceria os partidos.
“Um dispositivo que não poderia estar no código porque fere de morte a fidelidade partidária e enfraquece os partidos. Nós queremos construir partidos que tenham uma capacidade de ter programas, de eleger pessoas e fazer com que essas pessoas sigam estes programas”.
O Plenário ainda incluiu no projeto o trecho da Lei da Ficha Limpa que torna inelegível o detentor de mandato que renuncia depois de ser denunciado por crime.
O projeto de Código Eleitoral consolida a legislação em vigor, mas inova em vários pontos. Permite, por exemplo, as candidaturas coletivas para os cargos de deputado e vereador. O texto trata ainda de temas como prestação de contas, pesquisas eleitorais, gastos de campanha, poderes do TSE, acesso a recursos dos fundos partidário e de campanha, entre outros.
O texto principal do projeto, sem os destaques, foi aprovado por 378 votos a 80. A maioria dos partidos defendeu a aprovação do código, mas alguns deputados fizeram reparos à proposta. A deputada Adriana Ventura (Novo-SP) disse que o texto flexibiliza regras de controle dos gastos públicos.
“Esse texto, na nossa visão, vai na contramão de avanços na área de transparência ao mudar o sistema da Receita Federal, que segundo os partidos não é o ideal, e abre caminho para o uso indiscriminado do fundo partidário. Então, se a gente está falando de dinheiro público, fundo partidário é dinheiro público. E o outro ponto que preocupa bastante é a volta da propaganda partidária gratuita da TV”.
O projeto do Novo Código Eleitoral é resultado do grupo de trabalho da Câmara, composto por representantes de diversos partidos.
Em sessão realizada na última quarta (17), o Órgão Especial do Tribunal de Justiça de…
Aprovada a criação da Polícia Penal de São Paulo, agora o Estado entra na segunda…
O governador Rodrigo Garcia entregou nesta quarta-feira (29) o pacote de modernização da Polícia Militar,…
A Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados aprovou proposta que reduz de 30…
Até o dia 18 de novembro, os membros do Ministério Público de todo a país…
De acordo com o 16º Anuário Brasileiro de Segurança Pública divulgado nesta terça-feira (28), pelo…
Este site usa cookies para melhorar sua experiência de navegação, conforme descreve nossa política de privacidade. Ao clicar em aceitar você consente com esse uso.